Pete Best e Johnny Hutchinson, os quase-Beatle

Pete Best, o azarado

 

Tudo certinho para o sucesso : banda consolidada, empresário (Brian Epstein) dando conta do recado, primeiro compacto já na fase de gravação, tudo bombando, tudo preparado para o grande sucesso. Eis que você é dispensado do grupo e deixa de ser um dos Beatles. Que azar hein ?

Randolph Peter Best, esse era o nome verdadeiro, nasceu na India (Madras, atual Chennai) em 1941. O pai era engenheiro naval e estava trabalhando nesta colônia inglesa. Best foi baterista dos Beatles durante dois anos, acompanhou a banda durante toda temporada na Alemanha.

Como Peter saiu da banda ? Epstein gravou em tape com 15 musicas demo e entregou para a gravadora Decca Records apreciar. Cinco meses depois, 06 de junho de 1962, a Decca convidou o grupo para uma audiência. Foram os 4 (Lennon, McCarney, Harrison e Best – Stucliffe, já há tempos fora da banda,  tinha falecido 2 meses antes). Ao final da audiência, George Martin, engenheiro de som do estúdio disse que estava muito satisfeito com o grupo, mas pediu a Brian Epstein que trocasse o baterista, queria um com mais pegada, mais energia. Sugeriu então que se assinassem contrato, Brian Epstein poderia manter Best no grupo; porem as gravações deveriam ter participação de um baterista de estúdio. Martin alegou que para apresentações ao vivo, Best servia muito bem; mas para gravações de estúdio ele não servia. Entretanto, Martin estava apenas protegendo Best; que na verdade era um baterista limitado.

Lennon, McCartney e Harrison aproveitaram o gancho de George Martin e pediram a Epstein a dispensa de Best. Porem Epstein disse não concordar com a ideia por que Best era o bonitão da banda, e fazia muito sucesso junto às fãs. De fato, quando os três entravam no palco, eram aplaudidos; mas quando Pete Best entrava, as mulheres entravam em delírio. Muitos dizem que os três tinham muito ciúme desse fato. Quando os Beatles retornaram ao palco com Ringo, era comum as fãs gritarem “Pete forever, Ringo never”.

Best  não gostava do comportamento dos demais da banda, pois considerava-os muito infantis e bagunceiros. Alem disso, Paul, George e John tinham o costume de tomar um estimulante (anfetamina) chamado Preludin, hábito que Best reprovava. Por outro lado, não era benquisto por McCartney nem por Lennon, que o aturavam por que na época (e ainda hoje) era difícil encontrar baterista disponível.

Best não era participativo, quando o grupo se reunia para compor canções, Best não participava. Também não acompanhava o figurino (roupas) dos demais, preferindo vestir em estilo próprio.

Beatles no Indra Club, Hamburgo, Alemanha. Best preferia se vestir diferente dos demais.

Certa vez, em Hamburgo, uma fotógrafa profissional (que era namorada de Stuart Stucliffe) convidou o grupo para fazer uma sessão de fotos. Todos ficaram entusiasmados e contentes, afinal era a primeira vez que iam fazer fotos com uma profissional. As fotos que tinham até então tinham sido tiradas por amigos amadores. No dia das fotos, Best não compareceu, e a fotógrafa cancelou a sessão. Durante as temporadas em Hamburgo, Best tinha o hábito de faltar aos compromissos e nessas ocasiões os Beatles recorriam a um amigo de outra banda, Ringo Starr para substitui-lo.

Por tudo isso, o trio pediu a Epstein dispensa de Best,  que saiu então a procura de outro baterista. Entretanto, os tres já tinham um na mira, era Ringo Star, que estava em Liverpool na época e gozava da simpatia deles.

Quando chegou o grande dia, o da gravação do primeiro disco (Love me Do), Ringo assumiu a bateria. Mas George Martin também não gostou de Ringo e o substituiu por outro baterista, Andy White. Ringo Starr afirmou que esse foi um dia de cão, pois ao ver o substituto no estúdio pensou que também seria despedido. Por isso, “Love me Do” na verdade não tem participação de Ringo. Aparentemente, depois do episódio do estúdio, Epstein ainda não tinha aceitado Ringo, pois foi procurar outro baterista, Hutchinson.

Depois dos Beatles, Best abandonou a bateria, foi entregador de pães e mais tarde, funcionário público.

 

Hutchinson, o baterista que recusou o convite de ser um dos Beatles

Brian Epstein era empresário de uma banda chamada The Big Three, cujo baterista era Johnny Hutchinson. Convidou o para substituir Pete Best, atendendo o pedido dos trio (Paul, George e John). Mas ao saber que Best tinha sido despedido, Hutchinson ficou muito aborrecido. Disse que não poderia aceitar o convite, pois era muito amigo de Best; e se aceitasse seria uma traição ao amigo. Havia outro detalhe : Johnny Huntchinson era baterista do Big Three e esta banda era “rival” dos Beatles. As duas bandas lutavam para ser reconhecida como a melhor de Liverpool. Certa vez, Huntchinson disse que “os Beatles não valem mais do que uma cenoura”. Por isso, quando foi convidado, não aceitou o convite.

Como os Beatles tinham compromissos a cumprir e estavam sem baterista, Epstein pediu um favor a Hutchinson : substituir Best até que ele achasse outro baterista (Epstein ainda não tinha decidido por Ringo Starr). Hutchinson, a contragosto, atendeu ao pedido e tocou duas noites com os Beatles. Mas, recusou o convite de ser um Beatle, sem sequer desconfiar que a banda viria a ser o estrondoso sucesso que conhecemos.

Diante da recusa, Epstein acabou aceitando Ringo Starr.

Apesar de não simpatizar com os Beatles, o baterista Hutchinson chegou a tocar com eles, como mostra esta foto de  maio de 1960. Nesta ocasião estava substituindo o baterista titular, Pete Best.
Da esquerda para direita, Stuart Stucliff, Lennon, McCartney, Hutchinson e Harrison.